sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

anti-sonetos para o amor


anti-sonetos para o amor

quem de amor andou virado
na noite dos sapatos rotos
percorre o corso dos gestos

se espanta moscas à baba
dos beijos mistura-se uma
imagem qualquer e devaneia

a mão pousa sobre o dorso
de uma pedra onde há pouco
uma funesta barata atentara
no rosto dos que beijam

o chão como se de uma diva
o colo babassem atônitos
os anjos azuis da coxa
que observa intumescida

*

quem amor dispôs nas coxas
da coxa talvez o paraíso
deslumbrou depois se idos

os tempos de amor e dúvida
a arte das putas espanholas
valiam menos que a futura

vigília das noites sem fim
as casas e as alcoviteiras
onde se guardam os gestos
irreais da conveniência

do amor dos salões e festas
da burguesia em triunfo
que nas jogatinas apostam
as andas dos amores pútridos

(oswaldo martins)

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