domingo, 11 de março de 2012

Namoro



a pele da sua alma
parece nome de canção
e deve ser a que você
entoa enquanto descemos
a escada para o museu
atrás do muro da catedral

não estamos em paris
mas num interior de brasil
as obras cobertas por goteiras
nossos pés seguindo
o cheiro de pipoca
doce, na calçada

nada merece mais amanhã
do que nós dois
neste instante que não é
febril nem desesperado
mas nosso

de fora, os musgos,
nos corredores o mofo 
o passado sufoca
alguém usa a palavra
an-tro-po-fa-gia
e o encanto quase se desfaz

mas eu retomo o fio

na praça central
o vento balança folhas
de árvores manchadas
de preguiças
é tempo de recolher
degraus, rostos, mãos

a pele que se desloca
e muda
se confunde.

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