terça-feira, 12 de outubro de 2010

VOTO EM DILMA

Amigos,

o voto em Dilma é necessário. Depois de ter passado por diversos governos, incluindo os dos militares e os da coorte de salteadores, que tomou de assalto os anseios populares mais legítimos, deparei-me com um governo que, quer queiram ou não, abriu uma porta para a esperança. Se o governo do Presidente Lula não foi a festa que desejávamos, ao menos serviu para acender algumas centelhas contra o conservadorismo. A festa ainda há de vir.

A sociedade contemporânea delineia-se por um mergulho neste conservadorismo. Causa-me tristeza que temas tão delicados e importantes como o do aborto, o das células tronco, tenham caído em mãos religiosas e, mais que religiosas, fanáticas, travestidas de modernidade, como no ambíguo discurso do Partido Verde. Ser moderno, ironicamente, é defender as teses das vastas religiões que levam parte do eleitorado – formado por jovens, meu deus! – a assumir, com soberba e arrogância, uma política calcada no atraso religioso, que os verdes vendem como moderna.

Qual a diferença entre o discurso arrogante de um monsenhor, de um bispo, de um pastor e o discurso de Marina? A fala da candidata derrotada no primeiro turno trazia qualquer coisa de deletério, seja pelo falso ar de vitória – a que a sempre atenta mídia ampliou, seja pela ausência falta de modéstia da candidata que saiu das urnas como se ungida por um deus qualquer. Um deus tão cruento quanto o que castigou Caim, um deus tão cruento quanto o que sustentou uma mentira terrível – talvez a mais terrível de todas as nossas civilizações – que foi fazer padecer Abraão como assassino de seu próprio filho.

Assim como este deus – ocidental, cristão – neoliberal? – A candidata Marina quer fazer-se valer de seus seguidores, ou diria torquemadas verdes, para impingir, junto aos discursos a que se aliou – ou não foi aliança o que fez? – com os partidários do candidato Serra.

Da experiência do PSDB na presidência, que se viveu durante um longo período, guardo a lembrança infausta da criação dos professores-pedintes do magistério público federal enquanto as burras das universidades particulares se enchiam com o dinheiro dos incautos, que ali preferiam estudar a ter de participar de uma universidade livre e autônoma. Outro ponto do conservadorismo que atinge nossos jovens, adeptos do currículo mínimo, como se está a ver.

Por essas razões, o voto em Dilma é uma necessidade. A necessidade da festa democrática que representa os anseios populares mais vigorosos de que se tem notícia, desde o período em que a festa democrática, com suas reivindicações, foram interrompidas pelos golpes que sucessivamente, militares e setores da sociedade civil e conservadora impôs aos que desejam ver uma nação mais integrada e insubmissa frente todo desejo que não seja o seu.

(oswaldo martins)

5 comentários:

  1. Eu não sou rico, não pertenço à elite e sou professor de escola pública federal.Fecho junto com o Oswaldo o voto na Dilma. Serra é um excelente administrador para a rua Oscar Freire. Só isso.

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  2. Concordo com seu pensamento em relação ao PV. Não existe ecologia sem uma mudança estrutural, ou seja, sem uma redistribuição honesta de renda. Capitalismo é capitalismo: vai sempre ser avassalador!
    Mesmo que o PT não tenha operado mudanças mais profundas, ainda é muito melhor que Serra.

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  3. O lamentável é que sempre se vota no menos pior.

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  4. Bravo!!!! É terrível o discurso conservador desta campanha. Os verdes apodreceram sem amadurecer. Abraços Horacio

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  5. Oswaldo, batalha me mandou teu texto.

    E como comentei com ele, acho correto comentar contigo.

    Abraços.


    O primeiro parágrafo do artigo faz menção a uma festa vindoura:
    a) Não acredito em partido redentor
    b) PSDB e PT se alinham na visão econômica
    A percepção de uma futura festa, de uma redenção popular, foi e é discurso de uma esquerda que nunca teve muito gosto pelo jogo democrático.
    Se existe algo melhor que a democracia eu não conheço, mas pode ser que exista e aí essa esquerda está correta.
    O Problema é que em 2010 estão concorrendo PT e PSDB com a mesma agenda econômica, acreditar que a mesma receita dos últimos 16 anos é o porvir de uma festa, é algo tão bonito quanto fictício.

    No segundo parágrafo, há uma discussão entre o moderno e o conservador:
    Concordo que essa discussão é urgente, o problema que ambos os Partidos não se interessam por ela.
    O PT tem a bancada evangélica ao seu lado, e a Dilma tem a Igreja Universal investindo em sua campanha.
    O PSDB adorou a frase da Dilma sobre descriminalização do aborto e agora é mais cristão do que nunca.
    Não importa que as lideranças de ambos partidos tenham uma visão materialista, eles estao comprometidos com os interesses do mundo espiritual, que por sua vez está comprometido com os interesses do mundo temporal.
    Ou seja, PT e PSDB estão juntos aqui.
    O terceiro parágrafo é uma opinião sobre a marina, vou pular.
    O quarto parágrafo é confuso:
    Chamar os seguidores da Marina de torquemadas verdes, é equivalente a chamar os seguidores da Dilma de petralhas, mais uma vez: apoiar Dilma ou Marina, ou Serra ou Plinio, faz parte do jogo democrático, embora nem todo mundo goste de democracia.
    A Marina não apoiou o Serra no segundo turno.
    O quinto parágrafo é explicitado os maus tratos do PSDB com a educação:
    As burras das faculdades particulares ainda se enchem de dinheiro, não vi, mas posso estar enganado, nenhuma revolução educacional nos últimos 08 anos.
    O sexto parágrafo é uma espécie de manifesto, discordo de boa parte:
    A festa democrática foi interrompida sim, foi interrompida com o golpe militar, concordo 101%
    Quando se coloca no mesmo patamar os golpes militares, e as 03 eleições legitimas que tivemos antes da eleição do Lula, aqui sim há um profundo golpe a democracia.
    Democracia não é somente quando eu ganho, eu não posso dizer qual é a vontade da maioria, ditadura do proletariado é ditadura, as urnas são soberanas.
    Não votei nenhuma vez em FHC, desde que posso votar, eu voto em Lula, mas não é justo eu bradar que as eleições em que fui voto vencido não foram tão democráticas quanto as que ganhei.
    Democracia se faz assim, pode ser e repito, que exista um jeito mais justo, mas se existir eu não conheço.
    O ônus da democracia é que devemos respeitar todo o desejo que não seja o seu.

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