quarta-feira, 29 de setembro de 2010

pela democracia e pelo povo

À NAÇÃO
Em uma democracia nenhum poder é soberano. Soberano é o povo. É esse povo – o povo brasileiro – que irá expressar sua vontade soberana no próximo dia 3 de outubro, elegendo seu novo Presidente e 27 Governadores, renovando toda a Câmara de Deputados, Assembléias Legislativas e dois terços do Senado Federal. Antevendo um desastre eleitoral, setores da oposição têm buscado minimizar sua derrota, desqualificando a vitória que se anuncia dos candidatos da coalizão Para o Brasil Seguir Mudando, encabeçada por Dilma Rousseff. Em suas manifestações ecoam as campanhas dos anos 50 contra Getúlio Vargas e os argumentos que prepararam o Golpe de 1964.
Não faltam críticas ao “populismo”, aos movimentos sociais, que apresentam como “aparelhados pelo Estado”, ou à ameaça de uma “República Sindicalista”, tantas vezes repetida em décadas passadas para justificar aventuras autoritárias. O Presidente Lula e seu Governo beneficiam-se de ampla aprovação da sociedade brasileira. Inconformados com esse apoio, uma minoria com acesso aos meios, busca desqualificar esse povo, apresentando-o como “ignorante”, “anestesiado” ou “comprado pelas esmolas” dos programas sociais. Desacostumados com uma sociedade de direitos, confunde-na sempre com uma sociedade de favores e prebendas. O manto da democracia e do Estado de Direito com o qual pretendem encobrir seu conservadorismo não é capaz de ocultar a plumagem de uma Casa Grande inconformada com a emergência da Senzala na vida social e política do país nos últimos anos.
A velha e reacionária UDN reaparece “sob nova direção”. Em nome da liberdade de imprensa querem suprimir a liberdade de expressão. A imprensa pode criticar, mas não quer ser criticada. É profundamente anti-democrático – totalitário mesmo – caracterizar qualquer crítica à imprensa como uma ameaça à liberdade de imprensa. Os meios de comunicação exerceram, nestes últimos oito anos, sua atividade sem nenhuma restrição por parte do Governo. Mesmo quando acusaram sem provas. Ou quando enxovalharam homens e mulheres sem oferecer-lhes direito de resposta. Ou, ainda, quando invadiram a privacidade e a família do próprio Presidente da República.
A oposição está colhendo o que plantou nestes últimos anos. Sua inconformidade com o êxito do Governo Lula, levou-a à perplexidade. Sua incapacidade de oferecer à sociedade brasileira um projeto alternativo de Nação, confinou-a no gueto de um conservadorismo ressentido e arrogante. O Brasil passou por uma grande transformação. Retomou o crescimento. Distribuiu renda. Conseguiu combinar esses dois processos com a estabilidade macroeconômica e com a redução da vulnerabilidade externa.

E – o que é mais importante – fez tudo isso com expansão da democracia e com uma presença soberana no mundo. Ninguém nos afastará desse caminho. Viva o povo brasileiro.



quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A VOZ DO ANJO 3





a voz do anjo 3
o devastador fernando
traçou tirocínios na cabeça de arthur

desde as coisas que nada vestem
às vestes, aos mantôs
deflorados dos versos

ele – outro anjo azul
câmara obscura dos loucos

painel dos desacertos
escuro vale

onde bóiam paradas
águas turvas

com o quê que de arthur
devasta as águas do rios

vestígios do que não foi



(oswaldo martins)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Didascálias 5 e 6

Ousa o autor, à maneira de Gregório Matos Guerra, poeta barroco, libertino e baiano, em réplica a S. Francisco de Assis dizer estes versos ajoelhado ante nosso Senhor pregado em madeiro



Senhor,
não quero ser instrumento
da tua paz
não porque não deseje paz, Senhor,
mas porque não quero
ser instrumento
e que a paz, Senhor,
não seja só tua,
que a paz, Senhor,
seja a paz de todos os homens
e de todos os deuses de boa vontade.


ao mesmo assunto e na mesma ocasião

Senhor,
não quero ser instrumento
da tua paz
não porque não deseje paz,
mas porque não quero
ser instrumento
eu quero ser eu, Senhor
e se me ajudares ou me permitires
ou por rebeldia minha
eu consiga ser eu
então, Senhor, podemos sentar e conversar

elesbão ribeiro

Luiz Costa Lima - Convite - Mímesis e Reflexão Contemporânea


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Pilulinha 15

Anônimos, novo livro de Silviano Santiago, editado pela Rocco, é candente. O conjunto de 10 contos, ajustado numa expressão entre o lírico e a ironia, constrói-se, sob o modelo da literatura social, mas, sem que se esqueça da preocupação com o estar político, apresenta uma segunda linha de leitura, que trata, na evocação de um país que não mais existe, do percurso humanitário emoldurado pelas boas intenções, que se revelam tão inúteis quanto dignas de compaixão.

(oswaldo martins)

Poemas em tom menor

1
quase
mar de ilusões

perfídias do oco

2
na direção das palavras
a poesia

seca

3
vida
folguedo

águas marinhas

(oswaldo martins)