As notícias que vêm sendo
trazidas quase diariamente pelos jornais são típicas de uma imprensa interessada
e interesseira. As versões noticiadas se apresentam sob a capa protetora de uma
sociedade bem estabelecida nos seus privilégios e desmandos. Fazem os jornais
coro com o que há de mais reacionário, tacanho e acusatório na sociedade
brasileira. Formadas que foram no apoio sempre suspeito das ditaduras militares
da América Latina, buscam reeditar, em seus papéis, um clima de medo, horror e
reação.
A vida em uma sociedade
democrática pressupõe o debate e o embate das vozes envolvidas nos processos
sociais, desde que tenham as diversas vozes, que se confrontam, peso e medida
iguais. O apagamento de jornais, no Rio de Janeiro, que sempre permitiram essas
diversas vozes, vem a dar a primazia da notícia a um único jornal – que se
estende desde o papel à televisão – criando um clima em que a notícia não possa
ser contraditada. Passam assim verdades que não se põem em dúvida por que o
estilo acusatório do jornaleco, que nos cabe, forja essa verdade para além de
toda possibilidade de discussão.
As redes sociais cumprem o papel
de difundir versões outras. Os que se sentem acusados ignobilmente pela vasta
rede de comunicação que detém o monopólio da comunicação no Rio de Janeiro
procuram se defender dentro das medidas cabíveis e legais. Lutam com as armas
que possuem, no regime democrático que se vê ameaçado pela impunidade dos
agentes da ordem (ou da desordem?) que o subvertem e prometem prolongar-se até
a possibilidade da desestruturação profunda dos modelos de democracia ocidental.
A força policial descabida, o uso
das balas de borracha, as leis de exceção permitem o aparecimento de ações radicais
e obviamente da repressão aos manifestantes que pacificamente se põe a lidimamente
fazer com que suas vozes sejam ouvidas para além das notícias que servem de
esteio ao que as elites sempre quiseram. O abuso do poder sempre tem como
vítima a própria sociedade na figura daqueles que se põe firmemente na defesa
de seus pontos de vista. O abuso do poder sempre busca calar os que protestam e
os empurram para uma posição de desconforto frente seus próprios atos. O abuso
do poder não permite a contradita.
As primeiras manifestações tiveram
o caráter de festa, comum a todo ato de liberdade. Muitos dos que participaram
da festa democrática refluíram a partir dos ataques policiais na Lapa, na av.
Men de Sá, nos arredores do Palácio os no Leblon. O refluxo dos manifestantes
se deu a partir de Três premissas básicas. O natural desinteresse dos menos
politizados; a ação truculenta das forças que deveriam manter a paz e garantir
o direito a manifestação e as notícias que buscam intencionalmente torcer os
fatos e permitir que se faça das manifestações uma má leitura, seja no ataque
diário que os governos instituídos sofrem com o bombardeio da mídia, segundo
seus interesses classistas e políticos.
A demonização dos manifestantes
presos por dá cá aquela palha, a confusão criada contra pessoas de bem, vítimas
de um jogo político sujo que busca entorpecer os ouvidos dos leitores e das
pessoas com uma ladainha típica dos privilegiados, cria possibilidades
concretas de não só dificultar o indivíduo que se opõe aos alicerces de uma sociedade
injusta e formadora de castas, como de criar um clima propício à representação
conservadora cuja maior vitória estaria em barrar os avanços sociais conquistados
pela população mais desassistida.
É necessário que se tomem
providências reais contra a hegemonia da mídia.
É preciso que se criem leis que
protejam a sociedade do vandalismo midiático.
É urgente que se criminalize toda
e qualquer notícia tendenciosa e acusatória dos meios de imprensa
É fundamental que pessoas íntegras
tenham como se salvaguardar dos ataques gratuitos dos que as utilizam para
criar um clima que nada dizem respeito a elas, mas que buscam usá-las com a
tenebrosa finalidade de desestabilizar a própria democracia.
(oswaldo martins)
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