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vou amarrar minhas mãos pra trás porque assim não
posso fazer o que simplesmente minhas
mãos podem por pura vontade como mãos incontroláveis a cata de alguma emoção
deslocada pelo sofrimento cruel de viver tão confinada nos ambientes da casa
por que assim não posso fazer o que simplesmente minhas mãos podem como eu
tenho por pura vontade dizer pra você que assim a vida não tem graça e que
podemos ficar juntos em paz quando a velhice chegar e os meus cabelos perderem
a cor que você não vai mais ouvir os ruídos baixinhos que se espalham pela
casa.
1995
(Letícia Tandeta)
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