sábado, 1 de dezembro de 2018

unha 1


Quando o dedão do pé nasceu, ficou plantado no meio da sala. Talvez esperasse o resto do corpo vir aos pedaços. Por pouco ficaria assombrando a memória de sua mãe, se ele não desse alguma serventia ao que ainda lhe restava de vida. A unha encravada, o aspecto tenebroso daquele menos que pé constituíram, meio que oracularmente, os percalços de sua vida. Depois que o corpo veio se juntar ao dedo, JM passaria a vida inteira a buscar com a obstinação dos atormentados um meio para fazer com que seu dedo, dedão, se materializasse em todo seu esplendor, por isso o disseminou com o disfarce de outras partes do corpo nos suportes que viria a utilizar.

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