segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

pedra da georgia


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O nariz não cheirou as plantas dos hippies da Califórnia. Buscava outras coisas naquela cidade. Possuía um pequeno galpão no qual a maresia cedia lugar ao cheiro psicodélico das imagens abandonadas. Enxergava seu dedão que se deixara ficar em Nova Iorque, as pernas oblíquas à procura de um corpo ou de um significado oculto nas ruas dos subúrbios do Rio de Janeiro. Os cheiros tinham às vezes o das sarjetas, às vezes o do chumbo ou dos corpos destroçados no Vietnã. Ainda estaria por plantar um de seus dedos queimados pelo cheiro de Hiroshima e Nagasaki. O que mais o impressionara fora então aquele que não se explicava quando os navios fundeados na baía forçaram primeiro a deposição dos presidentes eleitos da AL, e dos corpos que se debatiam no fundo do mar, amarrados por pedras, atirados fora como se cães macilentos e doentes como a baleia.

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