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O
nariz não cheirou as plantas dos hippies da Califórnia. Buscava outras coisas
naquela cidade. Possuía um pequeno galpão no qual a maresia cedia lugar ao
cheiro psicodélico das imagens abandonadas. Enxergava seu dedão que se deixara
ficar em Nova Iorque, as pernas oblíquas à procura de um corpo ou de um
significado oculto nas ruas dos subúrbios do Rio de Janeiro. Os cheiros tinham às
vezes o das sarjetas, às vezes o do chumbo ou dos corpos destroçados no Vietnã.
Ainda estaria por plantar um de seus dedos queimados pelo cheiro de Hiroshima e
Nagasaki. O que mais o impressionara fora então aquele que não se explicava
quando os navios fundeados na baía forçaram primeiro a deposição dos
presidentes eleitos da AL, e dos corpos que se debatiam no fundo do mar,
amarrados por pedras, atirados fora como se cães macilentos e doentes como a
baleia.
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