quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

A luz oblíqua


A luz oblíqua da tarde
Morre e arde
Nas vidraças

Nas coisas nascem fundas taças
Para a receber,
E ali eu vou beber.

A um canto cismo
Suspensa entre as horas e um abismo

A vibração das coisas cresce.
Cada instante
No seu secreto murmurar é semelhante
A um jardim que verdeja e que floresce.

Sophia de Mello Breyner Andresen

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