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A poesia tem feito parte da
minha vida desde muito cedo. Conta um papel que tenho guardado e me foi dado
pelas minhas irmãs que os primeiros versos escritos são de quando tinha seis
anos de idade. Aos seis anos eu não sabia de nada, nada. Apenas algumas impressões
imprecisas restam na minha memória. Destes versos havia me esquecido completamente.
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Lembro-me de estar escrevendo
regularmente já fazia um tempo, mas a única memória de eu empunhando um lápis, nesta
época, foi a de duas palavras – dragão partido – que está no Resíduos do
Drummond – de tudo fica um pouco – que escrevi na mesa da casa de meus pais,
uns dias após a morte de meus avós, em acidente de automóvel.
O poema está perdido em alguma
gaveta. Tudo o que se escreve com 15/16 anos está na medida do outro; a medida
que tomamos como nossa, talvez até as palavras, surgem depois, muito depois, quando
inventamos um ritmo próprio.
Entretanto era já leitor. A
poesia que inicialmente me seduziu foi a de Bandeira, Drummond e Vinícius, que
li levada por meu primo, em edições da Aguilar, aquela de capa verde e papel
bíblia.
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A aventura da leitura sempre
me acompanhou, desde sempre. O hábito foi sendo adquirido aos poucos. Uma
curiosidade enorme pela voz alheia, pelo ambiente alheio, pelos sentimentos
alheios talvez tenha sido o que as primeiras leituras me provocaram. Ao longo
do tempo foram sendo incorporadas às atividades de aprendizado várias outras leituras.
Houve uma época em que peguei todas as obras de Dostoievski e as li, uma após
outra. Foram quase oito meses em que fiquei mergulhado nesse escritor. Fiz isso
com alguns autores. Pedro Nava, Jorge Amado, Junichiro Tanizaki, José Lins,
Sandor Marai, Coetzee, Yasunari Kawabata, Eça de Queiros, Autran Dourado, Machado
de Assis e muitos outros.
Esse tipo de leitura me
proporcionou saber do ritmo de cada um, além da forma com o pensamento se
mostra. É valioso para quem, quando se mete a escrever, tendo ouvido pouco musical,
aprender.
Daí que minha poesia foi aqui
e ali descobrindo ritmo e se descortina com assinatura própria a partir da
leitura de João Cabral, buscando aproximar-se na disciplina da construção e ao
mesmo tempo se distanciar da dicção do para mim poeta maior.
Gostei muito de suas reflexões. Como você, amo João Cabral. Para mim também, ele é o poeta maior.
ResponderExcluirOi Luciana, estou buscando fazer essas reflexões meio soltas. Obrigado,
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