Os quatro contos
selecionados da obra de Mario Benedetti, Histórias de Paris, editado pela Biblioteca Azul, é
uma recolha extraída de três livros do autor, A morte e outras surpresas, de 1968; O hotelzinho da rue Blomet, de 1977 e Geografias, de 1984. Os quatro contos que fazem parte da recolha
são ilustrados por Antonio Seguí, artista
portenho. A junção do escritor uruguaio e do ilustrador argentino faz de Histórias de Paris um livro agradável à leitura.
Se agradável à
leitura, entretanto, a coletânea dos contos e as ilustrações são ao mesmo tempo
pungentes. Tratam de pequenas inserções na vida dos exilados da vida e das
ditaduras que vicejaram como ervas daninhas no continente americano. Ao
contrário das narrativas que tematizaram o tema de frente, os contos de
Benedetti fazem da perspectiva mínima o seu recorte. São avassaladores. Uma suspensão
no tempo que se configura na busca da geografia perdida do país de origem,
através de um jogo de relembranças dos espaços que foram sumindo ao longo do
período do exílio na cidade e no corpo dos corpos mutilados pela tortura.
Através das habitações modestas e o sem fazer do cotidiano de uma cidade
estrangeira que destila solidão. Através da distração que faz o exilado
retornar e ser encapuzado ou da noite passada no metro fechado.
Histórias de Paris constrói, com sua curiosa despretensão,
um retrato definitivo das agruras, da dor que perseguem as pessoas que viveram
o arbítrio americano.
(oswaldo
martins)
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