para gregório de
mattos e guerra
julgais, senhores, a bastardia
a pobreza dos órfãos da pátria
a indigência mental que se permite repetir os slogans da
ideologia
julgais, senhores, os crimes dos torturadores
os crimes que se fizeram contra zumbi
contra frei do amor divino caneca
julgais, senhores, os crimes da justiça
os desfalques dos carros oficiais
dos salários astronômicos
julgais, senhores, os sinistros falseadores
as falácias dos comportamentos dirigidos
o investimento na burrice alheia e unânime
julgais, senhores, os crimes das poupanças roubadas
os juros altos os ganhos dos bancos
a burra cheia dos espertos
julgais, senhores, as casa das dindas,
as casas ministeriais o lago paranoá
os supremos de frango com legumes supervalorizados
julgais, senhores, a
própria horta
julgais, senhores, como ao personagem de kafka
julgais, senhores, o superintendente da casa
julgais, senhores que julgais, o que julgar se deve
julgais, senhores, a simonia e os crimes da santa madre
julgais, senhores, o negócio, o socrócio, o ócio
julgais, senhores, as casas da banha
julgais, senhores, as casas da fama
julgais, senhores, as casas da privatização
julgais, senhores, as fronhas, os travesseiros
da consciência enlatada, midiatizada, carbonizada, afamada
das más condutas sempiternas
julgais, senhores, o eu lírico que chico cantou em sinhá
os pobres do haiti, que é aqui,
julgais o julgo empedernido e disfarçado em vestal da
república
julgais as vestais que recebem prêmios
julgais as vestais da intectualidade dispersa
nas academias de letras e números
julgais, senhores, os responsáveis pelo analfabetismo
que fazem a glória dos que julgam e que como o deus de
gregório
estão prontos para o perdão por nele encontrar sua glória
ou pensais, senhores que julgam, que as ovelhas desgarradas
se permitem rebanhos falsos
se permitem a cabeça abaixada dos condenados
se assim julgais,
julgais em falso.
(Oswaldo Martins)
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