quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Pés

pés servem à paixão medida ao espaço
delineado pelos números com quantos
se vão daqui à china ou bagdá ou mantos
que os ocupam pés de flanar pelas sós

ruas prados rios os esparsos terrenos
que os pés tenteiam para repor objetos
de amurada e desvios embora a cidade
seja uma uno o pátio que passeio em pés

medidos contando a simetria a cacos
rearmados como numa flor maldita
corola de plástico brilhante – o arco

do pensamento reduz pequenas putas
à escrita infame de que fujo e alcanço
nos quês afiados de fulgor e demência

(Oswaldo Martins)

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