dos pintores que se retrataram
rudes em suas sombras quê
traço de desigualdade e estupor
desvão sórdido entre o cinza
o ocre dos dias perdido a buscar
nos vazios os retratos dos poros
enlameado de suor e barba
por fazer
*
dos pintores que se retratam
nas cozinhas
a cuspir manchas e soletrar
de si para si
os nomes feios
as edificações manchadas
muros
a parir fetos
e monstros obscuros
*
dos pintores que se retratam
desconexos
a gengiva
o cós da calça
as nuvens como expressos
a vagar sobre a cabeça
das devoradoras noites
entre o ocaso e o silêncio
das tintas
(oswaldo martins)
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