para horácio e rose
1
um país só se
inventa no chiste
na alegria
das moças
que
requebram ao som de gonzaga
das
entranhas retira o fogo sagrado
heidegger o
indica em höderlin
ou na coisa
desvista
que o poeta
prevê
2
um mito do
juazeiro ou exu
o fundamento
do forró dos forros
abre sua asa
branca
sobre o
sertão
3
se canta o
galo triste
a noite de
são joão
multicolorida
uma beleza
de balões no
ar
inventa o
cangote cheiroso
do lirismo
feito de cama
e precipício
4
a boate
cosacou
toca xote
o russo
dança maxixe
esquecido
dos generais
que dançam
as marchas
da
decapitação
5
a mulher-macho
de lua
não se
parece nem um pouco com a betty
nem com o
louvor
das viragos dos
tempos modernos
a
mulher-macho de lua
anuncia os
novos tempos
de afirmação
e festa
6
o nome luí
se em um cabe
como lua
se cabe como
luva
em outro
cabe como lula
no que luí
representa
para sua gente
7
a história
não se
constrói como fato
se constrói
com o que de memória
um povo
guarda
se constrói
na sanfona de luiz gonzaga
no ita de caymmi
na voz
alerta de seus poetas
populares
8
facilita
com essa
saia
com essa
blusa,
bastiana,
facilita,
para dançar
o xenhenhém.
9
você tem que me voltar
dezessete e setecentos
os doutores multiplicandos
incipiandos
doutoram-se em
doutorandas
tabuadas
incipientes
do saber
governam o
mundo
doutores honoris
causas
de coisa
alguma
10
lorota boa
entre catervas de asnos se meteu,
entre corjas de bestas se aclamou,
naquela salamanca se doutorou,
e nesta salacega floresceu.
só uns risquinhos,
seu delegado
pois sou
homem dereito
filho de boa
família
(oswaldo martins)
Como é bom lembrar a figura, a música e o tempo do Gonzagão. Belo poema, bela homenagem.
ResponderExcluirAbraços, Ianne.