Urubu
I
um bicho
avançado na corda
come o necessário
íntimo
o bicho
se encosta ao acessório
suspenso eu
um bicho
assumo o risco
de ver o arrepio-
bicho
que nenhuma perna
enganada vai dizer
cínico
o gelado do ritmo
de bicho
II
avançado na corda
atento ao frio feito
um bicho
que escorrega feito
um verme
rói a parede ciã
da carne virada
da fruta intestina
e rói mais
e rói
e larga os ossos
os cabelos
o peso do morto
não menos e não
menos bicho
torna ao fio de corda
farto sem precisar
medir o equilíbrio
III
eu
não mais
me sei sequer
um bicho
me sei talvez
o bicho
que na corda
é hábil e leve
pássaro rapace
bicho quê
ave na ventania
não carece de ninho
Do urubu malandro ao demalandro que é mais do urubu. Belo poema!
ResponderExcluir