Uma leve beleza
Sabe-se pela informação do
narrador – feita em primeira pessoa – que o protagonista da novela A DANÇARINA DE IZU é um jovem estudante que viaja. A
viagem empreendida pelo jovem aparentemente é desmotivada. Viaja-se sem razão.
Entretanto, no início da narrativa o jovem cruza com uma trupo de artistas que
se apresenta aqui e ali e segue para Shimoda, onde celebraria a morte do
natimorto filho. Fazem parte da trupe cinco personagens. O pai do recém-nascido,
Eikichi; sua esposa, Chiyoko; a irmã, Kaoro; Yuriko, uma moça de 16 anos e a
dançarina de Izu.
O jovem estudante, que empreende
a viagem inútil, vê o revê (como a narrativa deixará claro, ao longo de seu
desenvolvimento) fascinado o grupo de artistas que também viaja, razão pela
qual, quatro dia passados, se pôs a caminho de Izu. Aos poucos, a motivação da
viagem vai se construindo. A proximidade do jovem estudante e da trupe faz
surgir um manancial de beleza despertado no leitor pelo contato – mínimo,
diga-se de passagem – entre o jovem estudante e a pequena dançarina.
O que aos olhos de um leitor
ocidental e brasileiro se ressalta na breve história do A DANÇARINA DE IZU é o traço, o leve traço, com que as situações se
fazem surgir e a beleza quase anacrônica com que Yasunari Kawabata trata a linguagem
que tudo nos diz ao não nos desvendar nenhuma motivação objetiva.
*
A
cena em que o jovem estudante vê a pequena dançarina nua do outro lado da
sala de banhos mal iluminada é de grande impacto e erotismo.
(Oswaldo Martins)
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