sexta-feira, 13 de abril de 2012

Pilulinha 21


Uma leve beleza

Sabe-se pela informação do narrador – feita em primeira pessoa – que o protagonista da novela A DANÇARINA DE IZU é um jovem estudante que viaja. A viagem empreendida pelo jovem aparentemente é desmotivada. Viaja-se sem razão. Entretanto, no início da narrativa o jovem cruza com uma trupo de artistas que se apresenta aqui e ali e segue para Shimoda, onde celebraria a morte do natimorto filho. Fazem parte da trupe cinco personagens. O pai do recém-nascido, Eikichi; sua esposa, Chiyoko; a irmã, Kaoro; Yuriko, uma moça de 16 anos e a dançarina de Izu.

O jovem estudante, que empreende a viagem inútil, vê o revê (como a narrativa deixará claro, ao longo de seu desenvolvimento) fascinado o grupo de artistas que também viaja, razão pela qual, quatro dia passados, se pôs a caminho de Izu. Aos poucos, a motivação da viagem vai se construindo. A proximidade do jovem estudante e da trupe faz surgir um manancial de beleza despertado no leitor pelo contato – mínimo, diga-se de passagem – entre o jovem estudante e a pequena dançarina.

O que aos olhos de um leitor ocidental e brasileiro se ressalta na breve história do A DANÇARINA DE IZU é o traço, o leve traço, com que as situações se fazem surgir e a beleza quase anacrônica com que Yasunari Kawabata trata a linguagem que tudo nos diz ao não nos desvendar nenhuma motivação objetiva.

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A  cena em que o jovem estudante vê a pequena dançarina nua do outro lado da sala de banhos mal iluminada é de grande impacto e erotismo.

(Oswaldo Martins)

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