sexta-feira, 30 de março de 2012

nunca mais


nunca mais

os quantos foram os mortos
quando forem os mortos de sobrecasaca
a conta ainda não estará zerada

restarão nas covas ralas
os ossos polidos
dos cadáveres insabidos?

nunca mais

mortos
deixarão seus rostos
serem carcomidos pelos porões
da tortura

em cada esquina
se erguerão os fantasmas
desfigurados para exigir
o exigível

para agastar as botinadas
dos velhos gorilas

para cobrar os trinta anos de atraso
e outros tantos inflacionados
pelos bastardos

que assumiram como velhos bispos
as sinecuras de suas igrejas
e quartéis

(oswaldo martins)





2 comentários:

  1. cláudio correia leitãosexta-feira, março 30, 2012

    Belíssimo poema Nunca Mais na circunstância exata

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  2. Beleza, Cláudio. Fiquei na dúvida se tinha passado da medida do poético, mas parece que não.

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