quarta-feira, 28 de março de 2012

hopper



para daniela


o acaso
a verde voz

compõem harmonias
desde quando

os braços levantam
para a linha improvável

do sovaco


*

as incríveis pernas

desde o traço
rubro da calcinha

quando se senta
com aturdido estudo

no escorço da manhã

iluminam

**

as pernas
incrível realidade

do abismo

em afetivo atonal
sumarento jorro

que o fio de arame
guarda


***

ou o antes fio
de janela para janela

guarda as especulações
sobre a vida íntima

destas desconhecidas pernas
que andam

descoladas da peça
que os olhos

guardam


****

como em um quadro
de autonomias

a luz que desvela
tange

os olhos e em seus círculos
retina

sobre a retina
que as pernas

revelam


oswaldo martins

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