Fui ontem ao cinema assistir ao A
Dama de Ferro. A biografia da terrível mulher, intentada pelo filme, é fraca e
ao tentar dar à senhora inglesa alguma emoção, além de trair a biografada –
senhora fria como gelo, desprovida de sensibilidade – trai a narrativa, pois,
ao tentar trazer à tela convencimentos que lhe adoçassem os detestáveis anos de
exercício de poder, eivados de autoritarismo e elevada taxa de injustiça
social, se torna patética.
A Dama de Ferro, ao insuflar a
parte mais triste do capitalismo, esteja talvez na raiz da crise por que a
Europa e o euro passam hoje. Os países envolvidos na Comunidade Comum Europeia
tomaram como método o caminho da modernidade econômica, junto à justiça social,
que é no mundo europeu, que a senhora Thatcher desprezou, uma saída para a
formulação de um socialismo democrático. A crise vivida teria a ver com a “semelhança”
com a “filosofia“ econômica americana, que nasce e se planta na Inglaterra da
Sra. Thatcher. Não se deram conta, entretanto, que a modernidade econômica, que
nos inventou os yuppies, a crença no trabalho exaustivo e sem limites, não se
coaduna com o ideário de justiça social.
Por esta razão deve-se debitar na
conta da famigerada senhora. Mais curioso ( e terrificante) que apontar para
ligação Thatcher/crise é perceber que o adocicamento de sua biografia acontece
no exato momento em que as instâncias econômicas internacionais impõem pesado
fardo às populações europeias com as mesmas medidas que significam perda
substancial dos avanços sociais conquistados durante muitos anos.
(Oswaldo Martins)
O adocicamento da biografia da Dama de Ferro pelo filme acontece também no momento em que os ingleses reafirmam a propriedade das Malvinas. É uma agressão à nossa América. Ela, enquanto ministra, liquidou o sindicalismo inglês, especialmente dos mineiros, e implantou no Reino Unido a mesma política neoliberal de seu amigo Reagan nos EUA. Com ela o Estado de bem-estar social inglês ficou à míngua. O desemprego foi imenso.
ResponderExcluirA Streep deve ter entrado numa boa grana para este papel deplorável em sua bela trajetória. Não tenho dúvida de que ganhará o Oscar.
Não vi o filme e não quero ver, tamanha a antipatia que tenho pela Thatcher.
Rute Gusmão
Num monento de crise como este, nada melhor do que incensar essas figuras grotescas, para entubar com mais facilidade o prejuizo da crise na turba. E sempre contando com a forcinha da grande mídia mundial.
ResponderExcluirCesar
Na embalagem de ótimo desempenho de Meryll Strip, o filme não faz juz à biografada.Aquela seria " a dama de ferro"? Aliás , o filme não deve pretender ser biográfico, pois parte de lembranças de uma idosa já senil. Tons esmaecidos para retratar uma personalidade autoritária e personalista. O mundo atual não merece ver tal personalidade incensada.
ResponderExcluirIanne ( 04/03/2012)