Fui moça do balacobaco. Os babacas
me seguiam na rua com os olhos, um chiste aqui outro acolá me fazia sorrir,
principalmente se acompanhada de alguém. Usava vestidos bem curtinhos, as
pernas à mostra, feliz de provocar e poder escolher. Muitas vezes andava sem calcinha,
fazia pose para que me vissem. Meu corpo dispunha de todas as artes liberais –
era uma enciclopédia do sexo e gostava disso.
Comprei um Karmanguia vermelho
conversível e deixava os cabelos – que os usava ondulados e soltos – ao vento.
Ao chegar em Copacabana, recostava-me em seu para-lama e fazia cara de quem não
quer nada e pode tudo, uma perna decaída para o chão a outra recolhida,
abraçada por minhas mãos de unhas longas e vermelhas. Era moda fazer-se de pin up. Muitas tinham vergonha o que era
uma vantagem a mais no combate feroz pela alegria.
A vida para mim sempre foi
conduzida por essa busca; ainda agora neste exílio do mundo, busco reavivar as
boas lembranças, afinal cri nelas e posso fazer com que as mocinhas de agora
saibam que o importante na vida não é correr feito loucas atrás da tão maldita
segurança – seja através do casamento ou do trabalho. Já dizia o Aretino,
escritor libertino do século XVI, que a profissão mais atraente para uma mulher
aceder ao poder é de cortesã.
(Jurema Silva)
Oswaldo,
ResponderExcluirbela narrativa! Manda um email para a Jurema e vê se ela não que postar também no TextoTerritório.
Grande abraço,
Alexandre