O episódio fundador da identidade
nacional, secundado pelo livro magistral de Euclides da Cunha, foi o de
canudos. Ali, apesar pelo massacre e extermínio do grupamento humano que se
reunia em torno do conselheiro, percebe-se uma unidade que determina o existir
e a resistência possível na Republica das elites que se firmava no europeísmo
distante e cruel, especializada na praticada escravidão e de todo tipo de
repressão econômica.
A guerra de Canudos foi
desenvolvida a partir de técnicas bastantes distintas; se os republicanos utilizavam
armamentos pesados e modernos, a técnica dos conselheiristas era feita de
esquivas – “de mão no chão, e pernas no vento – tesoura, banda, rapa, soco,
tapa e sola” [i] Em Canudos aprendeu-se o continuísmo da
republica recém inaugurada e da velha monarquia, mas, ao mesmo tempo,
reavivou-se a luta dos quilombolas, aluta dos ideias democráticos e igualitários.
A urbe do conselheiro se baseava neste princípio.
Os anos de 1896/1897 viram a derrocada
da pretensa força motriz da nação e o surgimento de outras derivas para a
reafirmação dos valores étnicos e culturais dos que não podiam, não puderam e
ainda não podem participar da construção das vozes que demarcam e formulam – no
revés do vento – uma ficção possível para a identidade múltipla dos Brasis.
Entre 1895 e 1897 nasceu Manoel
Henrique Pereira, o Besouro, que continuou nascendo como afonso Henriques, Luiz
Carlos, Graciliano, Carlos Marighela, Abdias e Paulo Cesar Pinheiro, para tocar
fogo nos paióis da pátria.
Ouçam, filhos de canudos, o toque
de cavalaria.
(Oswaldo Martins)
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