antiode para as burguesinhas fúteis
as burguesinhas fúteis pensam que descobrem a américa
quando descobrem a disney
quando descobrem o sexo
pensam no pato donald ou ainda – o que é pior – pensam e repensam no príncipe encantado da bela adormecida – não se lembram dos irmãos metralha posto que os irmãos não possuem o fascínio de que tais burguesinhas necessitam e ademais sempre levam a pior
quando descobrem – se é que um dia de fato descobrem – a ação demolidora de um rimbaud ou as putas de baudelaire – já é tarde demais; adotam, pois, o discurso e se transvestem de pequenas moças úteis – mas denotam no corpo na atitude com que pegam o garfo não a fome dos miseráveis não a voracidade dos insaciados que sabem da vida o que a vida é, pegam o garfo a faca com o denodo das madames que são.
protegidas pela família as moças burguesas agem e pensam que agem como as desvalidadas quando de sobreguarda há carteira do pai e o deus me acuda das mães que rezam e imprimem sua marca cristã nas cabecinhas ocas como indeléveis marcas d’água que nos fazem descobri-las falsificadas e quando buscamos cobri-las como éguas no pasto da luxúria oferecem-nos os altares os compromissos e filhos em penca para o calvário triste do mercado
não trepam tais moçoilas como se trepassem
não trepam imbuídas do prazer
fazem cálculos
e pensam que fazem sexo
quando imploram amor
e dieta
para melhor enganarem a carne
para melhor iludirem os incautos soltos
também burguesinhos fúteis
nos mercados da paixão
vestem-se como as meninas da praça tiradentes
mas delas não têm o glamour e a técnica da trepada repassada noites a fio
no que as aguarda do acaso
no que as aguarda do que lhes cabe naquela noite de míngua e saliva retida em que é proibido o beijo – como deve ser – e o corpo que se abre para a invasão da porra alheia e desconhecida
são psicanalisadas tais burguesinhas e se freud libertou-lhes a consciência da libido não lhes libertou a consciência de classe – antimarxistas por excelência as moças burguesas reservam para si lugares na boates e barcos onde simulam a sexualidade livre e sonham com o paraíso perdido de eva como se o sonho em si não fosse ocontrassenso da perdição que os homens buscam quando inventam os paraísos artificiais que vêm do ópio, da cabaça em que bebem o bagaço da cana fermentada e se transforma no ouro negro dos destruídos escolhos sociais
bebem cachaça como se bebericassem o vinho da moda e se acham tão novas tão moderninhas tais burguesas que se permitem o palavrório das ruas nos botequins e cafés da cidade que ainda acham maravilhosa
aplaudem o pôr do sol nas praias de ipanema e se fingem nudez indígena aquiescendo à propaganda que nos vendem o paraíso da diversão como nos parques em que se imaginam princesas em coma para a boca aclimatada com que beijam os burguesinhos dos principados brasileiros
esquecem-se por fim do frio movimento dos astros – newtonianos – que agem por atração e repulsão sem se darem conta disto
(oswaldo martins)
as burguesinhas fúteis pensam que descobrem a américa
quando descobrem a disney
quando descobrem o sexo
pensam no pato donald ou ainda – o que é pior – pensam e repensam no príncipe encantado da bela adormecida – não se lembram dos irmãos metralha posto que os irmãos não possuem o fascínio de que tais burguesinhas necessitam e ademais sempre levam a pior
quando descobrem – se é que um dia de fato descobrem – a ação demolidora de um rimbaud ou as putas de baudelaire – já é tarde demais; adotam, pois, o discurso e se transvestem de pequenas moças úteis – mas denotam no corpo na atitude com que pegam o garfo não a fome dos miseráveis não a voracidade dos insaciados que sabem da vida o que a vida é, pegam o garfo a faca com o denodo das madames que são.
protegidas pela família as moças burguesas agem e pensam que agem como as desvalidadas quando de sobreguarda há carteira do pai e o deus me acuda das mães que rezam e imprimem sua marca cristã nas cabecinhas ocas como indeléveis marcas d’água que nos fazem descobri-las falsificadas e quando buscamos cobri-las como éguas no pasto da luxúria oferecem-nos os altares os compromissos e filhos em penca para o calvário triste do mercado
não trepam tais moçoilas como se trepassem
não trepam imbuídas do prazer
fazem cálculos
e pensam que fazem sexo
quando imploram amor
e dieta
para melhor enganarem a carne
para melhor iludirem os incautos soltos
também burguesinhos fúteis
nos mercados da paixão
vestem-se como as meninas da praça tiradentes
mas delas não têm o glamour e a técnica da trepada repassada noites a fio
no que as aguarda do acaso
no que as aguarda do que lhes cabe naquela noite de míngua e saliva retida em que é proibido o beijo – como deve ser – e o corpo que se abre para a invasão da porra alheia e desconhecida
são psicanalisadas tais burguesinhas e se freud libertou-lhes a consciência da libido não lhes libertou a consciência de classe – antimarxistas por excelência as moças burguesas reservam para si lugares na boates e barcos onde simulam a sexualidade livre e sonham com o paraíso perdido de eva como se o sonho em si não fosse ocontrassenso da perdição que os homens buscam quando inventam os paraísos artificiais que vêm do ópio, da cabaça em que bebem o bagaço da cana fermentada e se transforma no ouro negro dos destruídos escolhos sociais
bebem cachaça como se bebericassem o vinho da moda e se acham tão novas tão moderninhas tais burguesas que se permitem o palavrório das ruas nos botequins e cafés da cidade que ainda acham maravilhosa
aplaudem o pôr do sol nas praias de ipanema e se fingem nudez indígena aquiescendo à propaganda que nos vendem o paraíso da diversão como nos parques em que se imaginam princesas em coma para a boca aclimatada com que beijam os burguesinhos dos principados brasileiros
esquecem-se por fim do frio movimento dos astros – newtonianos – que agem por atração e repulsão sem se darem conta disto
(oswaldo martins)
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