quinta-feira, 7 de julho de 2016

engenho e arte


a mão tateia páginas se cabelos fossem
no afundar dos afagos a perene força
da palavra exata que, por amor, repleta
de sentidos na noite escassa, nas aletas

farejando o ar, desnudada de desejo,
a moça lia, e os peitos a desoras rijos
apontavam e descaíam sobre a folha
a relembrar as sintaxes leves e soltas

que da página ao amoroso corpo tocam
e emaranham nos fios louros do cabelo
o que das mãos o tato sobre o pêndulo

em palavras retorna e afaga no corpo
das abertas páginas se feridas fossem
o triscar da moça, em mim, engenho e arte.


(oswaldo martins)

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