para monique nix e sua poesia
afirmativa
às vezes as bocas sensuais bocas ávidas
gemem seu quinhão de prazer vociferam belezas
amainam as palavras os velhos dicionários das falsas vestais
e entre putas caralhos e apertadinhas xotas ralentam a voz
para o estupor das velhas marinhas
às vezes as bocas se chupam se lambuzam de escatológicos sumos
às vezes saliva às vezes esperma e muco
às vezes as bocas dizem ao que vieram
com sua língua vituperina
clamam aos céus da boca estrelas
clamam aos céus e boca no mundo
derramam veneno contra os bocas aturdidos
contra os bocas filhos da puta
os bocas são uma espécie de boca que se achega a falsas promessas
que se achega ao do momento usurpador
que se achega ao romântico da poesia recatado e do lar
os bocas são uma espécie de boquinhas de caçapa
de boquinhas encaçapadas
de boquinhas bem ajambradas terno e gravata
os bocas – dir-se-ia o boca mais fuleiro dos bocas – operam
por mesóclises
operam por delicadezas morfológicas como os bocas-bilac
como os bocas-gullar como os bocas bobocas que são tangidos
pelo abocanhar o que aos bocas então se dá
há ainda os bocas ocas
bizarras bocas dos coxinhas que reverberam tudo
que seus mestres mandarem
bocas lobônicas isotônicas cameleônicas temereônicas lobotômicas
bocas atômicas do caos e da miséria fernandotômicas
ou os bocas-togadas que togam togam que togam
o retrógado passo a tantos e tanto por cento de indecência
que no lombo da macacada cantam com suas vozes
de truões das mansardas enquistadas na boca de ouro dos bem avisados
o anúncio apostrofaico dos profetas de pacotilha
tais bocas os bocas bocós bocudos oram pela vinda da água santa
da vassoura santa da pica santa
e operam nos mercados financeiros dos alegres
dos compungidos alvissareiros do dinheiro no bolso
dos também crentes de meia tigela
os bocas operam sob as suíças de abraão lincoln
e como um perfeito boquinha preferem a contrição nervosa
à balbúrdia dos que se encharcam à noite nos bordéis
da língua solta nua das cachorras e cachorros
que as esquinas elegem como os representante reais
da festa
(oswaldo martins)
Nenhum comentário:
Postar um comentário