1
olha-me o pé
sirvo taças de alabastrino ar
a rua bela como a rua bela
das sapatarias
meu bom jesus
proteja as mulheres da quinta
quando for sexta-feira da lua
em ponta d’unha
de haver no céu
o brilho seco dos gargantuas
2
as mocinhas a se despirem
no banho de rua
defendam, mocinhas, o seu
que é boa a rua como a rua
bela é a chita sobre o asfalto
o dorso arisco
das cidades rio das navalhas
de pouca barba
o meio macio dos rostos duros
olha o doce, iaiá
3
mariolas são obras de circo
a cidade em outono
como uma jangada cearense
vive o ai jesus das putas
cantam ipanemas as dupras
agras o cão passa
no colo da madama
em antitético dilema as mercedes
param nas casas velhas
e amam o pindório daquelas moças
(oswaldo martins)
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