quarta-feira, 7 de agosto de 2013

quarto de afazeres

1

o andar por zanzibar
rende olhos oblíquos

flores de metal
néctar e carne crua

rende o abismo
das mimosas

deixa a quem ronda
aberta valise

que de bucetas
em páginas abertas

fazem o fazer
das esquinas

2

as menininhas
das prostitutas baratas

cobram caro

e se obrigam
nos quartos dos afazeres

piruetas
de espantar os olhos

3

uma
tem uma cachorrinha
que lhe obedece o comando

espertas a cachorrinha
e a madama
pouco se olham

mas atentas ao ritmo
do cliente apenas esperam
que o estalar de dedos

chame a cachorrinha
e sua língua solta
nos provenhas do freguês

que entre satisfeito e atônito
reza um creio em deus, padre,
e se encomenda ao dianho

4

os fundos da casa
ficam abertos

estas senhoras

são mais profícuas
que uma paróquia

são mais espertas
que os bancos centrais

5

as juras não revivem as de amor
como sonhou o senhor poeta
casimiro

as juras não aliviam o coxo
as juras não reativam o casto

as juras
como se potentes canibais fossem

depenam o bobo
que as paga em dobro

(oswaldo martins)

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