Os três contos que fecham a
leitura do livro de Sergio Sant’Anna são
primorosos. Não é que os outros contos que fazem parte do livro O voo na Madrugada sejam piores ou obedeçam outra
ordem de composição que fizesse dos três últimos uma composição à parte, mas que
a intensidade conquistada pelo autor, nos retratos possíveis das mulheres
tomadas como ponto de partida para o desenvolvimento dos enredos, está na ordem
do excepcional. Verdadeiros tratados
sobre a escrita, os três contos são ao mesmo tempo tratados do erotismo que alimenta
o prazer da leitura.
Que se entenda, quando se fala
sobre o prazer da leitura, ligada ao erotismo, nada se propõe que se aproxime a
leitura dos abertos do pornográfico, mas pelo contrário a aproximação que se
faz é com a necessidade dos esconsos do erótico, revelador dos mistérios
escusos ou não das mentes humanas. Se o pornográfico é tecido frágil que se
resolve numa ação direta e final, o erótico é curvo e escuso, já que permite ao
leitor os abismos e a reflexão constante dos renascimentos que provocam crises
e permitem que se veja nu no espelho de si mesmo. As narrativas que desnudam a
narrativa têm esse dom. Não basta o assunto, não basta o enredo, mas urdidura
erótica das palavras.
Dom que está presente nas
narrativas de Sergio Sant’Anna.
(oswaldo martins)
Tôu adorando "experimentar" seu blog!
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