quarta-feira, 6 de novembro de 2013

mulheres ao som de um tango

gata

na gata de negro o corpete tem pernas longas
seria a exatidão do pulo desta gata
anúncio de alvoradas

veste por hora os telhados da casa
se estica com estrelas na voz
e ri que se ri a danada

desloca o ar e deixa imóvel o corpo
quando vira de lado ou finge
ir-se por ledas searas

tango

um copo de cicuta, garçom
não para mim
o dançarino coxo

para essa mulher que dança
como se trepasse
com outro

cigana

não lê minha mão a cintada cintura
ademais tão morena a pele
tão negros os pelos

ali na pedra do ribeirão cala boca
apenas deixava que visse
a embocadura da bunda

o tufão dos vendavais
a lua que a bordava
de sangue

(oswaldo martins)


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