ao
modo de Gonçalo M. Tavares
rapariga do campo
era uma saloia
para melhorar de vida
mudou-se pra cidade
foi trabalhar na casa do rei
mais trabalhava na casa do rei do que na casa do pai
bem mais alimentada, tornou-se mais bonita
como andava na horta sob sol
queimada pelo sol
tornou-se trigueira
o rei
tinha um filho
rapaz muito bem apanhado
o filho do rei encantou-se pela saloia
num final de tarde estava a rapariga a regar a horta
apareceu-lhe o filho do rei com um sapato de cristal
ao ver o rico rapaz rico ajoelhado
a querer meter-lhe um sapato no pé
a saloia despejou-lhe na cara o resto d’água que ainda tinha
no regador
e antes que o rei a chamasse
apresentou-se ao pai do parvo
senhor
peço perdão pelo que fiz a vosso filho
mas de bastardos a minha aldeia anda cheia
façamos as contas, meu senhor rei senhor
o rei, como cabe aos reis, era um homem bom
e por ser rei e um homem bom pediu perdão a serviçal
e por ser rei mandou
como cabe aos reis
fechar todas as sapatarias da cidade
elesbão
04/11/2012
ResponderExcluirUMA BEM HUMORADA VERSÃO DE CINDERELA À MODA LUSITANA.BEM URDIDA E BEM RESOLVIDA. PARABÉNS, POETA!