se
aretino criou uma metafísica
própria estranha ao mundo dos mortos a foda de adão e eva
henry miller buscou no espanto da
linguagem suas derivas à morte
bukowski no rito dos sacripantas
afugentou as esteiras de deus, com bebida e trepada
inventaram o moderno carpe diem
dançaram como dançam as bacantes
dançaram como dançam as ninfas
dançaram como dançam as putas
fizeram da linguagem um altar
ignóbil para nós
fizeram da linguagem um avatar
dos sem deuses
fizeram da linguagem a língua sem
igual
na memória das triste putas
na descoberta da américa pelos
turco
na boceta de chupeta
na teresa filósofa
na justine
a língua que nos revela
anadiômenos
surgidos do nada
a língua de nossas misérias
de nossos trampos
de nossos vieses mais sórdidos
a língua universal em que
trocamos desditas e trepadas
como deuses
a língua dos exus
que abrem os caminhos
a língua dos itimoratos
que mandam à merda o juízo final
sem mais
os pastores das ovelhas do dízimo
os pastores das ovelhas
inquisitivos
os pastores das ovelhas
carcomidos
pela retórica vazia
pela retórica apostrofaica
torquemadas da modernidade
fazem vezo de puros e benzem
vassouras fazem vezo de puros e benzem os coxos para que comprem as vassouras
benzidas fazem vezo de vozes celestiais para venderem aos pios a pia a piaba
com que pagam a cura com que pagam a pia as vassouras os coxos os pastores dos
piolhos
piabanhos senhores dos fracos de
espírito
piabanhos senhores da destruição
e do caos
piabanhos senhores empoleirados em
linguagem reles
anunciadores do fim
anunciadores da esquálida morte
em vida
sua ladainha irrita os ouvidos
sua ladainha irrita a pelve
sua ladainha é uma ficção urdida
por um poeta ruim
truões que se divertem com a
núncio do caos
truões que se postam ao largo das
desditas
truões com taça de champanhe na
intimidade
o cálice sagrado no púlpito destila
fel
destila podridão e o cu do mundo
é aqui
como wall street foi o berço dos
canalhas da subjetividade
como wall street foi o berço das
novas batalhas
como wall street foi o berço da
ocidental praia lusitana
os neo canalhas vociferam na
bolsa humana
com cartão de crédito reinventam
a escravidão moderna
das dívidas sempiternas dos que
despossuem tudo
até a consciência de si
até a insciência dos bêbados de
um deus impostor
dos deuses todos
impostores que subjugam a vida
que subjugam a molície dos homens
das mulheres e dos gays
a malícia dos que trepam nas ruas
como se as ruas fossem a nossa
casa
e assim retomada a vertigem dos
dias
como queriam drummond e
souzândrade
poderiam explodir as ilhas desta
velha e nova manhattan.
(oswaldo martins)
As antiodes! Cada vez e sempre mais necessárias.
ResponderExcluir