Eugênio Hirsch várias vezes nos
visitou em casa. Com seu jeito peculiar de ver o mundo, nos ensinou muitas
coisas, a todos. Lembram-se com carinho dele meus filhos, Walnice e eu. Um dia,
desses perfeitos que o passado nos cria e faz sentir saudade dele, convidei-o a
ir a Barbacena para corrermos o barroco mineiro. Tiradentes, São João e
Congonhas – não deu para esticar até Ouro Preto, pena.
Armou-se o amigo de desenhos
feitos por ele para presentear a casa de meus pais. Levou uma montagem com a
figuração da Pietá com recordes feitos por ele mesmo. Era uma interpretação
livre – Zélia Cardoso era a Madona que amamentava um garboso Grande Otelo de
Cristo, com uma bela e portentosa atriz, de que não me lembro agora do nome, de
cupido. E para meu pai um Cristo na cruz com um pau enorme e ereto, também em
montagem de imagens de revistas.
A conversa e explicação da imagem
para meu pai foi uma conversa a Eugênio.
Ah, sim – dizia – ele (o Cristo)
era do carajo. O fato de ter comido Madalena e algumas outras merecia uma homenagem
e como toda pessoa ao morrer tem a rigidez peniana não poderia ser de outra
maneira que se podia retratá-lo na cruz. E daí decorria sobre a arte clássica
com enorme fervor e sacanagem, temperados pelos ah, sim, que soavam
musicalmente nos nossos ouvidos.
(oswaldo martins)
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