para josé celso martinez
quando na praia
de ipanema nos idos dos anos oitenta jogaram bolas de areia na mulher que
desnudava os seios quando na praia de ipanema nos idos dos anos sessenta
crucificaram leila por expor a barriga grávida de sonhos quando as jovens as
senhoras voltaram a usar sutiã e se plastificaram nos idos dos anos noventa quando
as vozes cerceavam o direito à trepada o direito à posse do próprio corpo quando
os travestis foram e continuam sendo assassinados
nos aterros, nas glórias e arredores quando perseguidos dos anos sessenta levantam
a voz para clamar pelo golpe que os catapulte ao cenário indecoroso do poder quando
luluzinha recebe o santo nas assembleias de deus quando o clube do bolinha se
arma de maldades adjetivas e proíbe os trans os hétero os homo de se
manifestarem quando os neo nazi armam os dentes quando
é preciso ir à
luta
é preciso despir
os peitos
evocar os atributos
da linguagem
é preciso
erotizar o sexo
clamar por eros brômio
baco
e resistir com o
aço da utopias
para não se
curvar aos discursos hegemônicos
para não se
curvar à coerção da cultura
para não se curvar
ante a naturalização da lei
para abrir os
territórios livres
para abrir a anarquia
dos desgovernados
e intuir que o
presente se presentifica
no aluvião das
ternuras dispersas
nos amores
colhidos ao sabor dos desejos
como anna se
entregou a amadeo
como verlaine à juventude
de rimbaud
como as duas
mulheres de espanha
quando lhes foi
urgente o amor
quando lhes é
urgente a vida
(oswaldo martins)
Nenhum comentário:
Postar um comentário