Cantiga de longe, de Edu Lobo,
lançado no ano de 1970, traz uma composição composta por seu pai, Fernando
Lobo, e Paulo Soledade. Zum Zum, feita a partir do acidente com o avião da Panair,
um constellation. Embora composta para homenagear o amigo, comandante da avião
Constellation, da Panair, a música ganhou ares carnavalescos em 1951, quando Dalva
de Oliveira a gravou.
A gravação de Edu Lobo é feita,
nos EUA, com vinte anos de diferença, adquire um andamento mais lento, lamentoso.
Há nesta gravação duas leituras possíveis, a de que Edu Lobo tenha
reinterpretado o andamento original da música, o que teria um valor
memorialístico bem específico de recuperar a origem da composição, o que certamente
é importante. Entretanto há outra possibilidade, que creio ser mais importante,
pois, além de englobar a perspectiva anterior, cria uma possibilidade de
leitura de sua época, em que a tortura, o exílio e a prisão se tronaram ações
constantes e causa de depressão social, com a qual convivemos até hoje, pelos
estragos que os governos militares fizeram na educação pública, nas
instituições democráticas e na participação popular.
Das diversas composições e
interpretações que se fizeram e se tornaram, com justiça, uma espécie de hino,
a partir do qual podíamos extravasar a frustação da participação social,
prefiro este protesto silencioso e pungente.
(Oswaldo Martins)
Nenhum comentário:
Postar um comentário