febre
sopra um vento pelo peito do mareante – vento
cinzento capaz de apagar os gestos que restam e
de limpar os passos incertos pelas ruas do cais
vento
um vento que te sacode as veias os tendões
faz vibrar os músculos e a mastreação – como a árvore
que se desprende das entranhas do mar
corre
corre um vento pelas fissuras da pele – vento
de pó enferrujado abrindo feridas nos animais vivos
colados à memória onde
uma serpente mergulhou no sangue e
desata a fulgurar
sopra um vento pelo peito do mareante
desperta a florescência pálida do plâncton – varre
a noite e lava as mãos dos condenados à morte
corre um vento
vento de febre – sismo de orquídeas que acalma
quando acendes a luz e abres as asas
vibras e
levantas voo
Al Berto
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