sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Memórias sentimentais de um leitor randômico 3

1

Um pouco da leitura de Heidegger, através de Barasch. O inautêntico como espanto aético. Hanna Arendt, a voz da minoria.

2

Fiorese e o impressionante documentário literário do chão de presas fáceis – um belo livro.

3

Irritações críticas de sempre: Quintana, Bilac, Carlito. Ódio profundo ao lugar comum disfarçado de novidade.

4

Paulo Henriques Britto – poeta de minha predileção atual.

5

Elesbão Ribeiro, na medida certa.

6

Pesar e mais pesar. Elvira Vigna – a triste tristeza de não sabê-la ao lado, com a feroz voz crítica de sempre.

7

Uma das besteiras maiores que li ultimamente: Simpatia pelo demônio. Aquém e muito do que pode o demônio. Frágil narrativa, triste contemporaneidade.

8

Machado. Silviano. Belezas múltiplas da narrativa.

9

Máxima do escrever: caso digam bonito, bonitinho o que se faz, jogue fora; nenhuma poesia, nenhum romance merece uma apreciação desta. Bonito, bonitinho é o caralho! Prefiro o silêncio. Todo escritor tem de resistir na linguagem a qualquer possibilidade de ser aceito. Recusa à mínima possibilidade de ser adotado pelo lugar comum. Há coisa mais triste que os valeu a pena se a alma não é pequena? Que os e agora, José? Ou o de tudo ao meu amor? O poeta – principalmente – tem de saber resistir para além de sua época. Leiam Oswald, leiam Trakl, leiam Celan ou Höerdelin, para entenderem o que digo. Se conseguirem reduzi-los a uma máxima – o que duvido – me avisem para defrenestá-los pela janela de meu ódio.

10

O eu não te amo de uma puta vale mais que o eu te amo de um poeta.



(oswaldo martins)

Nenhum comentário:

Postar um comentário