1
Sempre gostei de ler autores que
nunca li e alguns a que volto continuamente. Dentre estes últimos está o Sergio
Sant’Anna, autor de grande capacidade crítica e percepção da vida, talvez seja
hoje nosso principal autor vivo, o que não é pouco. Seu último livro, O Conto
Zero, determina uma ordem de leitura que permite o leitor passear por pelo
menos cinquenta anos de literatura.
2
A dura escrita de Cesar Cardoso
disfarça-se de humor, mas é rascante e ferina, como o rasante de uma ave
rapinante. Seus Urubus – procure, leitor desatento, saber deles – abrem voos
sobre a fabricação da vida, abrem voos sobre as feridas expostas do nosso
cotidiano. Assim como Sérgio, Cesar nos faz passear pelos milênios da boa literatura,
sem conceder uma mínima brecha que seja ao sossego burguês de todos nós. Mas o
que mais me delicia nos livros dele, e nesse, em particular, é a presença da
prosa poética que atinge os limites da perfeição.
3
Não gosto da literatura umbigo.
Não gosto da literatura como verdade – lembra-me o coitado do Alvarez de
Azevedo que queria nos dizer a verdade, toda a verdade. Não gosto da poesia
sentimental. Não gosto da literatura que põe a emoção antes da palavra, a
palavra antes da sintaxe, da sintaxe como torneio para o nada dizer. Por isso
não gosto de Bilac, nem de Quintana. E não tolero o tolo Casimiro e duvido
muito, mas muito mesmo, de quase todo o século XIX brasileiro. Quem nos salva o
século é Machado, é Souzandrade e talvez a putaria explícita do único Guimarães
possível, o Bernardo.
4
Cruz e Souza tinha pretensão
demais, acabou poeta católico.
5
Cuidado, Adélia!
(oswaldo martins)
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