cigarros no cinzeiro fazem-se quimeras vãs
quietos falam de coisas sob nossas cabeças
murchos e amassados pendem e fingem-se
desapercebidos da vida que queima os rins
o fósforo brilhará nas lixeiras ou nas covas
a que é destinado o corpo dos desprezíveis
acessos de tosse daqueles que por ventura
estarão ali ao lado - prontos para o consolo
a mão na bunda das boas senhoras vetustas
que à sopa dos arranjos sociais se percebem
vivas e caminham solícitas à amizade proba
dos velhos que de esguelha olham de banda
para sentirem na medida a exatidão a oferta
do ombro amigo e o cálculo da lágrima caída
no prato sujo de cinzas que se deixou findar
à espera da mão dos dias para os porem fora
(oswaldo martins)
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