para o andré capilé
p 1
do rudimentar trabalho
noitadas no belvedere da matéria bruta
uma pinga pernada a vagar
como bandeira do verso exato
simples como um cavaquinho tecendo
as manhãs onde explode um galo
ou o gato que não há onde havia
um não jorrar de emoções
controversas
p 2
se juntar um s ao p antes do 2
não seria um carro
esquecido na memória
da cidade escarnecida
pelo cruento e sem traços
apagar de sua história
p 3
te guiaram para fora da cidade
dançavam
as bailarinas mar-de-espanholas
dubitavam em decúbito dorsal
mancavam as coxas
e as marcas da varicela
comoviam até os conhaques
mais vagabundos
p 4
o poema como piada
uma piada que nos bastou
para encher o tanque
em 1970 e tal
quando a gasolina
se racionou
e os papais venderam
marvericks e landaus
p 5
depois mandaram a puta que o pariu
a piada e se tornaram poetas
do neoparnaso brasileiro
(oswaldo martins)
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