Paulo Vanzolini é um compositor sui generis no cancioneiro brasileiro. Não
só pela presença em um ambiente musical estranho para a maioria das pessoas
eruditas deste nosso triste país, que confunde erudição com uma postura centrada
nos aspectos mais preconceituosos da sociedade, como pela qualidade intrínseca de
sua composição. Há sambas seus que, deste sempre, estão entre os mais
interessantes e executados da vasta produção musical do país e há sambas seus
que passam despercebidos, mas que são de maestria inigualável.
Há pouco tempo, brincando com uma
amiga, montei uma expressão retirada de uma música sua, Juízo Final, que diz
que a mulher, ingrata, está “trabalhando de salsicha”. São pequenas incursões
no universo de Vanzolini, que uso para me vingar do que desagrada e incomoda. Os
versos do compositor são uma fonte inesgotável para a imaginação de toda uma
produção centrada nas observações do cotidiano.
Talvez a observação do cotidiano,
paulista e universal, seja a pedra de toque que coloque o compositor na melhor
tradição do samba.
(oswaldo martins)
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