senhora
ouve nesta voz o que cantam os terreiros o atabaque do sangue a plurilíngua entre comedimento e descontenção vê que giram as moças com suas saias suas marcas de suor de desprendimento giram pela santo pela santa mameluca africana curiboca nega maluca nega fulô
voz que foi tua – cantora dos atabaques baianos das dores dos amores dos carcarás e batéis do moço virago loiro a vagar nas ruas da lisboa de sophia ou mar caýmico onde iemanjá distribui beleza e reino em que a oxum mais bonita mais que os cafés soçaites vive sob a brisa dos que distribuem riquezas e ouro nas carapinhas em suas 365 igrejas
voz de pessoas caetanos e chicos
de mário, via gullar
brasileiro como eu como você como o samba de silas aniceto aldir
e tantos outros que sambam no diapasão da poesia
vozes sem a decrepitude dos mercados sonantes retirados aos novos talentos que se fazem, senhora da canção, sem que sejam necessários grandes investimentos grandes gastos ou ganhos desmesurados
talentos e não talentos como o ouro dos tolos ou de gregos, troianos ou baianos
senhora da cena muda das rosas dos ventos de pés descalços como se num templo deusa entre as deusas
sai de teu castelo e vem
como os mortais
como as belas baianas a carregar o vaso da lavagem
como o canto de trabalho a dança a ânsia sagrada de comemorar
como as rainhas negras da voz, mães de todos nós
*
ouve o que diz a letra de aldir
da canção no canto de moacyr
senhora dos luxos,
despe essa máscara
e vem ouvir o que teus ouvidos esqueceram
vem dançar na farra do povo rir dos açoites dos estrambotes melancólicos dos sonetos das marcas profundas que se afixaram no rosto romântico e parnasiano de um canto frouxo de um poema frouxo onde os castelos de marfim edulcoraram as explosões do coração
cante ainda a petúnia resedá do morro de são carlos ou a puta de rua o poema de carlos cabral milano haroldo
o poema de oswald
vê que amor humor é mais que uma proposta de poesia que nela se esconde a irrisão dos ácidos fortes do gargalhar da melancolia na própria lavra dos fonemas e letras que os tornam diferenciados e iguais.
ria, pois
dos demônios – tão medievais –
da candura do corpo e da voz
da mesmice do repetitório – sem comentários
com que se calam os homens,
com que se calam os jovens
com que se calam o negro
com que se cala a nudez da palavra
que outrora protagonizavas
ou o cinema brasileiro
nesta besteira que vem a ser o lope romântico ou os lixos anatômicos de vik muniz – matérias de mercado e consumo e falsa poesia
*
ah, senhora da canção.
(oswaldo martins)
Parece-me que andas emputecido com a vida mais do que deverias.Teu emputecimento, se andas puto da vida, criou belos versos. Troca de musa. arranja alguém sobre quem possas fazer uma ODE. Redireciona o texto, ajeita uns versos(?) e terás um poema soberbo.
ResponderExcluirTeu texto tá muito do muito.
abraqos!