Gregório de Mattos, em um de seus poemas mais famosos, cria um belo paradoxo - ligado ao topus do Carpe Diem - em que diz que o ar indoo pela madrugada mexe com gentil descortesia as tranças da mulher que dorme. O soneto pode-se ler abaixo.
Discreta, e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:
Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora,
Quando vem passear-te pela fria:
Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.
Oh, não aguardes, que a madura idade
Te converta em flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sobra, em nada.
(Gregório de Mattos)
Oswaldo, que coisa maravilhosa este poema. Ele me levou ao To His Coy Mistress, do Andrew Marvell, disponível em tradução para o português, pelo Augusto de Campos.
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