quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

antiode

antiode para a senhorita carnaval
para toninho professor

não basta
louvar as antigas marchinhas de lamartine
braguinha

não basta
ouvir o som da bateria
dos velhos sambas de silas e mano décio

não basta
cantar sob as vestes das colombinas
os antigos corsos e batalha de confete

o bloco de sujo o zé-pereira
os clóvis

não basta
para os ouvidos marejados
dos sambistas

o espetáculo televisivo
o espetáculo das marchas quase militares que desfilam pela avenida o espetáculo do ritmo apressado e os ademanes tecnológicos em que abundam – quase sem bundas – os bundas da avenida – os bundas que eugênio – magistral – nas bundas das mulatas desenhou com sacarmo contra os donos da ordem contra os donos do poder

reparem

se os mortos deixassem de ser alimentados pelos vivos os ainda mais vivos que celebrassem os mortos em ordem velatíticas, celebratíticas, honorabilíticas proibiriam os mexicanos evoluírem com suas caveiras e requebros

ou

quando caçam os foliões o espírito da festa se transforma em memória – sombra fatídica –
que a morte lança sobre os homens
quando pretendem arrumar a cidade é a alma insossa
a alma religiosa e positivista que alavancam como se fosse a modernidade

quando matam suas festas a cidade moribunda
prefere o crime as falsas e faustas celebrações privadas
nas cadeiras nos tronos em que se sentam para defecar ordens
e mais ordens para o gáudio dos políticos das socialites e artitas
de pacotilha

quando matam suas penhas empenam o indecifrável poder
da insubordinação
a curva incandescente da ironia
que o requebro rotativo das cadeiras das mulatas
redivivo nas desordem das morenas que o funk
em seus bailes

reinventa

(oswaldo martins)

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