compõe silêncios
apêndice tosco
dos murmúrios a gritos
desconexa se acha
ante a selva cristalina
do nada
furúnculo de castelos
cortesã castrada
dos paralíticos de babel
a infrutífera constrói-se
pimpona no último gesto
da visita triste
Oswaldo Martins. Poeta e professor de literatura. Autor dos livros desestudos, minimalhas do alheio, lucidez do oco, cosmologia do impreciso, língua nua com Elvira Vigna, lapa, manto, paixão e Antiodes, com Alexandre Faria. Editor da TextoTerritório
compõe silêncios
apêndice tosco
dos murmúrios a gritos
desconexa se acha
ante a selva cristalina
do nada
furúnculo de castelos
cortesã castrada
dos paralíticos de babel
a infrutífera constrói-se
pimpona no último gesto
da visita triste
Durante muito tempo,
acreditou-se que esses livros impenetráveis correspondiam a línguas pretéritas
ou remotas.
(a biblioteca de babel)
as traças vêm sós toda sexta-feira
lentas perambulam pelas palavras
muitas vezes com o tato
certeiro
depositam nos vazios suas lavras
encontram no folgar pelo
absconso
sentido alguns outros
indigeríveis
embalam-nos com as patas no intonso
ventre vasculham até onde o
incrível
se revela às entojadas e
eruditas
vozes guardiãs dos segredos nus
rainhas de paredes e frestas
fazem
silêncio enquanto balofas
digerem
o espanto da patuleia dos múnus
nas vênias cúmplices do tu
acreditas