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sentada sobre si mesma olhava as
sandálias que cruzavam as calçadas; com displicência, fingia desconhecer os pés
dos que passavam, dos que apagavam o cigarro, dos que se contorciam ao andar,
dos que gesticulavam sozinhos.
sentada sobre si mesma – as pernas
cruzadas – em um dos seios, uma criança fartava-se ; às vezes seu olhar deixava
de perquirir a rua, fingia concentrar-se na criança que trazia ao colo.
a perna balançava e lentamente o
olhar se perdia. não mais a rua, não mais o movimento da rua, nem mesmo a
criança; em gesto íntimo, para dentro de si mesma, olhava aquela mãe atônita.
(oswaldo martins)
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