reflutuam as flautas doces
neste corpo-de-dança
os espaços para sempre ruídos
sorvem deliciosamente imagens
tudo é fixidez e movimento
como eternizar o estado
deste copo-de-dança
num lance de palavras
que as leva o vento
como apreender o estalo
das coxas da buceta dos peitos
que sobem e descem armadores
do delírio da dança nua
como o remar dos homens
o tingir das telas a voz confusa
este o corpo que se dança
espaço ínfimo entre o metro quadrado
e o amplo dos tempos profundos
a marcar o tombo em que enfim
corpos e terra em um só aluvião
em carne e abandono fixam
o tempo dos espaços irremissíveis
*
você voava entre meu olhar
e o pedaço de taco
que se desprendia do chão
no nenhum movimento
o flutuar estanque
ante o taco e o olho
*
havia um caos no chão
para merguhar
e no entanto
sorriam epoquês de begônias
sons a levantavam
até o buraco aberto
como uma coda dada
em que reflutuassem
a flauta o corpo e a imagem
transistorizada da memória
(oswaldo martins)
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