Vivia-se sob o
império das bacias. A água corria abundante sobre o corpo. Espremia-se a glande
para saber das gonorreias. Mariinha, a grande mestra, pontificava sobre suas
pupilas. Im antes de, água e sabão. Sobre filho, recomendava água fervente. Fio
de puta é fio do mundo e minha casa não é paróquia de enjeitados. Dizia, pensando
no futuro dela e de suas protegidas. Imaginava qual delas assumiria a casa,
quando fosse se entregar aos turíbulos e às hóstias de todo dia. Faltava pouco. Possuía já duas casas de bom tamanho
que o arquiteto comprara no nome dela. Pensava em mais uma, mas o que tinha
guardado não daria para tanto, pensava medindo a distância entre o desejo e a
precisão.
O doutor
aconselhava, o mercado ficava cada vez mais difícil; outras casas se abriam na
cidade. Diziam de uma injeção milagrosa para os males do corpo. Será? Estaria
passando seu tempo? Deolinda cuidava de sua paróquia com cuidado. Talvez,
talvez. Quem sabe? Puta nova, mesmo castelã, ainda tinha algumas ilusões. Iria
fazer negócio? Quando se encontravam eram tímidas e precavidas. Mariinha
pensava. O que tinha? As melhores meninas da cidade, seu harém era escolhido a
dedo, podia vendê-las? Calculava. A ordem de Maria, para seu caso, custava
muito. O que apuraria na venda daria para uma vida de méritos? Duvidava.
Sentava na ampla
sala, vazia e enorme àquela hora. As meninas preparavam as águas para a noite. Cantarolavam
baixinho as músicas de suspiro, tristes sambas-canção. Mariinha matutava.
Deolinda?
(oswaldo
martins)
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