1
é preciso destravar a língua
caralho
bago
coalho
desconhecer os entraves da misericórdia
e a bucetinha
como uma roda d’água
vadia
2
deixar o quê
operar milagres
usufruir soberbamente
as palavras
as sintaxes
e a sonoridade
das
que explodem
de gozo
quando gozam
os falantes
da língua portuguesa
3
língua para se usar
e destampar as conchas
os galanteios
língua para se usar
contra
sem interdição
a língua como um gineceu
aberto a experiências
uma língua-madalena
na elegância das putas
que sabem da nudez
os usos mais soberbos
4
língua madalena
não a língua
das mamães cem por cento
não a língua dos magistrados
não a dos professores em seus usos didáticos
língua sem depósito ou raiz
língua das ruas
onde se aprende da língua
o que da língua se move
e o dizer do prazer agudo
nesta língua transformada
no que a língua
deixa ver
5
talvez a buceta em flor
a beira d’água
lírica dos amantes
que extraem deste timbre
os vagidos estelares
o curso dos rios
a preparação dos moinhos
e a vida repovoada
6
talvez a densidade
talvez o desenlace
o próprio sobrevôo
sobre as palavras
que estouram
e tabulam
o manancial dos ritos
7
para joão ângelo oliva neto
como um totem
esta pica
come os tabus
para que o renovado
deus da priapéia
erija monumentos
nos jardins públicos
nos privados banhos
de casa
na exposta língua
dos prostíbulos
(oswaldo martins)
é preciso destravar a língua
caralho
bago
coalho
desconhecer os entraves da misericórdia
e a bucetinha
como uma roda d’água
vadia
2
deixar o quê
operar milagres
usufruir soberbamente
as palavras
as sintaxes
e a sonoridade
das
que explodem
de gozo
quando gozam
os falantes
da língua portuguesa
3
língua para se usar
e destampar as conchas
os galanteios
língua para se usar
contra
sem interdição
a língua como um gineceu
aberto a experiências
uma língua-madalena
na elegância das putas
que sabem da nudez
os usos mais soberbos
4
língua madalena
não a língua
das mamães cem por cento
não a língua dos magistrados
não a dos professores em seus usos didáticos
língua sem depósito ou raiz
língua das ruas
onde se aprende da língua
o que da língua se move
e o dizer do prazer agudo
nesta língua transformada
no que a língua
deixa ver
5
talvez a buceta em flor
a beira d’água
lírica dos amantes
que extraem deste timbre
os vagidos estelares
o curso dos rios
a preparação dos moinhos
e a vida repovoada
6
talvez a densidade
talvez o desenlace
o próprio sobrevôo
sobre as palavras
que estouram
e tabulam
o manancial dos ritos
7
para joão ângelo oliva neto
como um totem
esta pica
come os tabus
para que o renovado
deus da priapéia
erija monumentos
nos jardins públicos
nos privados banhos
de casa
na exposta língua
dos prostíbulos
(oswaldo martins)
Excelente, Oswaldo! Era preciso ecoa um quê dos modernistas - a língua das ruas, a língua do povo que vai fazendoi seus telhados (não temos como negar, né?) mas avança! Envereda por uma língua que é própria , do poeta Oswaldo Martins, mas que não se recusa ao coletivo, ao ecoar antiodes, por exemplo.
ResponderExcluirE mais "Buceta em flor/à beira d'água" - nada melhor para traduzir e atualizar a "última flor do Lácio". Parabéns, cara!