1
Escrever é uma opção de vida. Todo o resto deriva desta escolha. Acontece que o que se escreve não é o que se escreve – a intenção da escrita se dá pela capacidade de dizer o que não se espera, o plano de um poema é mais importante que o conteúdo ou os sentimentos, é mais importante que o enredo, em um texto narrativo.
2
Lições de vida:
Jorge Tobias. Meu pai jogava intermináveis partidas de xadrez com o Marcier, eu abiscoitava com prazer o que eles falavam, via evoluir os pensamentos, as nuances desta conversa vasta. O último quadro que Marcier pintava, as armadilhas da pintura, as observações de papai sobre alguma cor aqui e ali analisada.
Uma noite – para o jantar – vieram o Marcier e o Jorge, que eu conhecera ainda bem jovem – eu os ouvia, planejava a minha vida, meus poemas e resolvi perguntar ao Jorge – que havia empurrado em minha direção uma pequena dose de cachaça, que se serviu como “abertura” para o jantar – como ele fazia para sobreviver, ganhar a vida.
A resposta, que alertou meus ouvidos e que lembro com delícia até hoje, foi curta e grossa. Disse-me o Jorge que de sua arte, porra.
3
Um escritor não pode viver às expensas do Estado, de nenhum estado, sua única obrigação deve ser a escrita.
3
Um escritor não pode viver às expensas de um mercado, de nenhum mercado, sua única obrigação deve ser a escrita.
3
Um escritor que não vive nem do Estado, nem do mercado, escreve.
4
A vida só se entende dentro de sua radicalidade e a radicalidade da escrita é a escrita.
5
Qualquer meio deve servir ao escritor. O papel, a tela do computador – os programas de palavras mínimas.
6
Ao interessado pela escrita, as novas mídias são importantes e em especial as que obrigam a usar apenas alguns poucos caracteres. Aprendizado de contenção; intensa densidade na escolha lexical, a economia poética desdobra esta densidade em uma sintaxe própria.
7
Meu primeiro livro – o lapa – foi escrito em uma máquina de telex, contando letra, contando espaço – inventar o verso em outra dicção – para que se adequasse ao meio usado. Claro que os concretistas são medida e risco na composição dos espaços. Ninguém intui – todos os poetas se criam poetas e não nascem. Não é como terolhos azuis ou pretos.
8
A importância da boceta – quando experimentada – é a volição da língua que lubrifica a sintaxe e interfere na vida.
9
Contra a dor no poema, contra o ar macambúzio de que escreve, contra o lugar perpétuo – a xavasca oferecida e alegre dos poetas inconseqüentes.
10
a poesia como inconseqüência
a inconseqüência como poesia
inconseqüência e poesia
poesia e inconseqüência
como provocação
não é senão dizer o que não se está dizendo
11
O curriculum de eugênio hirsch, que recebeu comendas de um de outro e de la puta que los pariu
como poesia
Escrever é uma opção de vida. Todo o resto deriva desta escolha. Acontece que o que se escreve não é o que se escreve – a intenção da escrita se dá pela capacidade de dizer o que não se espera, o plano de um poema é mais importante que o conteúdo ou os sentimentos, é mais importante que o enredo, em um texto narrativo.
2
Lições de vida:
Jorge Tobias. Meu pai jogava intermináveis partidas de xadrez com o Marcier, eu abiscoitava com prazer o que eles falavam, via evoluir os pensamentos, as nuances desta conversa vasta. O último quadro que Marcier pintava, as armadilhas da pintura, as observações de papai sobre alguma cor aqui e ali analisada.
Uma noite – para o jantar – vieram o Marcier e o Jorge, que eu conhecera ainda bem jovem – eu os ouvia, planejava a minha vida, meus poemas e resolvi perguntar ao Jorge – que havia empurrado em minha direção uma pequena dose de cachaça, que se serviu como “abertura” para o jantar – como ele fazia para sobreviver, ganhar a vida.
A resposta, que alertou meus ouvidos e que lembro com delícia até hoje, foi curta e grossa. Disse-me o Jorge que de sua arte, porra.
3
Um escritor não pode viver às expensas do Estado, de nenhum estado, sua única obrigação deve ser a escrita.
3
Um escritor não pode viver às expensas de um mercado, de nenhum mercado, sua única obrigação deve ser a escrita.
3
Um escritor que não vive nem do Estado, nem do mercado, escreve.
4
A vida só se entende dentro de sua radicalidade e a radicalidade da escrita é a escrita.
5
Qualquer meio deve servir ao escritor. O papel, a tela do computador – os programas de palavras mínimas.
6
Ao interessado pela escrita, as novas mídias são importantes e em especial as que obrigam a usar apenas alguns poucos caracteres. Aprendizado de contenção; intensa densidade na escolha lexical, a economia poética desdobra esta densidade em uma sintaxe própria.
7
Meu primeiro livro – o lapa – foi escrito em uma máquina de telex, contando letra, contando espaço – inventar o verso em outra dicção – para que se adequasse ao meio usado. Claro que os concretistas são medida e risco na composição dos espaços. Ninguém intui – todos os poetas se criam poetas e não nascem. Não é como terolhos azuis ou pretos.
8
A importância da boceta – quando experimentada – é a volição da língua que lubrifica a sintaxe e interfere na vida.
9
Contra a dor no poema, contra o ar macambúzio de que escreve, contra o lugar perpétuo – a xavasca oferecida e alegre dos poetas inconseqüentes.
10
a poesia como inconseqüência
a inconseqüência como poesia
inconseqüência e poesia
poesia e inconseqüência
como provocação
não é senão dizer o que não se está dizendo
11
O curriculum de eugênio hirsch, que recebeu comendas de um de outro e de la puta que los pariu
como poesia
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